ELE ESCOLHEU UNS E OUTROS, MAS NÃO TODOS

Deus sempre escolheu homens e mulheres ao longo da caminhada humana para que seus feitos e acontecimentos fossem realizados, e a eles, deu competências exclusivas, senão vejamos: a pregação do evangelho de nosso Senhor Jesus, que os anjos gostariam de realizá-la, não foi permitido, pois se tratava de uma responsabilidade dos seres humanos, dada pelo próprio Cristo quando de suas palavras: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda a criatura”. Logo percebemos que a evangelização é exclusiva a todos os seguidores de Jesus, sem exceção, e que, portanto é uma obrigação da igreja fazer expandir ou promover uma dilatação no corpo de Cristo aqui na terra. Mas, ao contrário da evangelização, a liderança não é para todos, e sim, é específica de alguns, Paulo nos escreve: “E ele mesmo deu UNS para apóstolos, e OUTROS para profetas, e OUTROS para evangelistas, e OUTROS para pastores e doutores” (grifo nosso), logo, ser líder cabe tão somente a Deus selecionar, visto que a liderança é algo estabelecido por Ele, que o faz de uma forma privativa e reservada, é Ele quem vocaciona, é Ele quem escolhe e é Ele quem capacita.

Quando medito na bíblia sagrada fico sempre admirado com atitudes de vários profetas, que mesmo recebendo o chamado à liderança, pelo próprio Deus, ainda assim se recusaram. ABRAÃO disse ao próprio Deus que era pó e cinza (Gn 18.27). Quem não se lembra do profeta JONAS que recebeu uma ordem de Deus para ir a Nínive e propagar o evangelho? Jonas, porém, faz um caminho oposto à ordem divina, fugindo assim da determinação de Deus. MOISÉS tentou fugir, apresentando pelo menos cinco desculpas para não assumir a responsabilidade de tirar o povo do Egito (Ex 3 e 4). GIDEÃO Tentou discutir com Deus dizendo-se o mais pobre de todas as famílias, o menor e o mais incapacitado para livrar Israel das mãos dos midianitas, e mesmo depois de conhecer os projetos de Deus, solicitou-lhe fazer provas para ter certeza do projeto divino (Jz. 6. 11 a 23). JEREMIAS disse ao Senhor que não sabia falar porque se sentia como criança, isto é, insuficientemente preparado para profetizar às nações às quais, Deus, o havia consagrado e constituído profeta desde o ventre de sua mãe. JOSUÉ viu em sua idade uma limitação. ISAÍAS argumentou que era homem de lábios impuros. E assim sucedeu-se com vários outros grandes líderes que Deus chamou.

Mas o que me chama mais atenção ainda é pelo fato de que hoje em dia, as pessoas não estarem sequer esperando o chamado de Deus com o fito específico de liderar, e já se auto-intitulam “líder”, “profeta de Deus”, “homem de Deus”, “apóstolo”, “evangelista”, “pastor”, “doutor”,
“dirigente”, “bispo”, “missionário”, “conferencista internacional”, dentre várias outras nomenclaturas as mais bonitas, extravagantes e impactantes possíveis, tudo para chamarem a atenção, poderem ser admirados, respeitados, inclusive para massagear o próprio ego de serem considerados líderes e agora liderarão um grupo de pessoas. Essa é uma prática que se tornou comum no meio do povo evangélico, e para acontecer, basta simplesmente que os interesses pessoais sejam contrariados.

A bíblia nos mostra várias características de quem tem esse procedimento, destacaremos algumas, a saber: a) Hipócritas (II Pe 2.1; Jd 1.4; I Tm 3.5) São obreiros falsos, têm aparência de santidade, mas pela sua vida e atitudes negam-na. São os mais santos, ungidos, possuidores de uma unção toda especial, donos de uma verdade sem igual, mas pelos seus frutos e comportamentos negam a supremacia da Palavra de Deus. b) Insubmissos (II Pe 2.10; III Jo 9; Jd 1.8) Eles não se submetem às autoridades da Igreja, por isso causam divisões e acabam por arrastar o rebanho de Deus para suas reuniões. Chamam um e outro para lhes acompanharem. Tomemos cuidado para com esses. c) Arrogantes (II Pe 2.10; II Tm 3.2) São estupidamente arrogantes, insolentes e altivos. Só querem a satisfação da própria vontade e passam por cima de tudo e de todos para que isto aconteça. Apenas se importam consigo mesmos e querem ter a primazia em tudo, a respeitabilidade, distinção entre outros irmãos e altos cargos de liderança na igreja. d) Avarentos (II Pe 2.14-16; Jd 1.11; I Tm 6.5) Amantes do dinheiro, eles, tratam a religião como fonte de dinheiro, por isso, veem na obra de Deus uma empresa bem sucedida, uma fonte de lucro e um meio de satisfação econômica. Enclausuram-se nas palavras do apóstolo Paulo “o justo viverá pela fé”. e) Egoístas (Jd 1.12; II Tm 3.1) São preocupados consigo mesmos, fazem distinção entre os irmãos, escolhem àqueles que amarão e àqueles que odiarão. Esses falsos obreiros não são de Deus e nem conhecem a Deus, pois. “Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor” (I Jo 4.8). f) Bajuladores (Jd 1.16) Procuram se aproximar mais daqueles que possuem algum tipo de influência, simplesmente por interesse e fazem acepção de pessoas chamando umas de especiais, justamente àquelas que lhes podem oferecer alguma coisa. g) Oscilantes (Ap 3.16) São os vacilantes. Não possuem uma postura única. São aqueles que sempre ficam em cima do muro, pois são trepidantes. Não agem com uma postura definitiva, pois se revestem com a capa da indecisão. Escondem-se atrás da dúvida e da incerteza. Nem são quentes e nem frios, haja vista serem imprecisos e hesitantes. Hoje estão aqui, amanhã estarão ali e depois de amanhã, acolá. A esses, o Senhor vomita pela sua própria boca. h) Joio. Enquanto a igreja do Senhor estiver aqui nesta terra, haverá a presença do cristão nominal e do cristão genuíno. O próprio Jesus citou nitidamente essa possibilidade na parábola do joio (Mt 13.24-30; 36-43), ou seja, trazendo para a ótica da igreja, sempre existirá a presença do que é falso e do que é verdadeiro, do que é aparência e do que é realidade, do ilegítimo e do legítimo, do joio e do trigo e a relação de uniformidade entre eles é tão grande, que nesta parábola, por exemplo, Jesus não permite que os servos arranquem o joio, para não arrancar também o trigo com ele. Mas manda deixar que ambos cresçam juntos até a ceifa, para só então queimar todo o joio. Temos que ficar em alerta, pois o simples fato de alguém se declarar salvo ou fazer uso do nome de Jesus no exercício de suas atividades religiosas não legitima ou autentica o verdadeiro caráter cristão. Pois tanto o falso como o verdadeiro marcam presença em todas as esferas, posições e momentos da igreja. i) Exaltados (Fp 2.3; Rm 13.1) Tudo que essas pessoas realizam, a contenda e a confusão estão no meio. Promovem eventos para gloriarem-se em si mesmos. São, portanto, exaltados, alvoroçados, impacientes e nervosos. Não conseguem considerar os outros seus superiores e se acham poderosos demais e superiores a todos. São tão exaltados que não conseguem reconhecer e honrar as autoridades que são constituídas pelo próprio Deus.

Ante tudo posto, onde fica a célebre frase do Mestre, “Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-os vós também a eles”? É por isso que é oportuno lembrar-nos das palavras de Jesus Cristo quando de seu pronunciamento: “Mas não tendo raiz em si mesmos, são de pouca duração”. A quem Jesus estava se referindo? A resposta é bastante simples de identificar. Basta verificarmos ao nosso redor pessoas que tomam atitudes semelhantes às características descritas acima, e outras mais, demonstrando que não possuem base bíblica, firmeza na palavra, sustentabilidade, caráter cristão, evangelho autêntico de Cristo, ou seja, são criaturas que não possuem “raiz em si mesmos” e, portanto não conseguem estar em plena comunhão com os santos, não se adéquam à igreja de Cristo, não são a noiva do Cordeiro e portanto “são de pouca duração”, não passam muito tempo juntos a um determinado grupo de pessoas, ou em um ministério específico, todavia, assemelham-se aos primatas antropóides que por instinto natural e espontaneamente pulam, pertencendo hoje a ministério esse, amanhã àquele e assim, sucessivamente. Não conseguem fazer história. Não criam suas histórias ministeriais bonitas, não possuem exemplos bons, pelo contrário, criam um currículo manchado, desacreditado e oxidado. Há um ditado popular que nos lembra, “aonde o cachorro vai, leva consigo sua lepra e suas pulgas”. Já que essas pessoas querem ser líderes, porque não começam liderando a si próprios, vigiando seus procedimentos e suas condutas?

É triste vermos dia após dia, o evangelho de Cristo sendo escandalizado por essas pessoas que não possuem o mínimo de respeito pela fé que afirmam possuir, tudo em busca de satisfazer o próprio interesse de ser líder, sem nem entender o princípio da liderança deixado por Jesus ao dizer que quem quer ser o maior, seja o menor, e, no entanto, esses ditos “líderes” invertem o papel, atropelam os ensinamentos do Mestre, demonstrando peremptoriamente os interesses anexos, em benefício próprio, mas Cristo continua “seja o último, seja aquele que serve” e quais desses obreiros falsos almejam o último lugar? Qual deles gosta de servir? É difícil responder, haja vista, o que está por trás de todas essas atitudes é a vontade de grandeza, o desejo de serem sempre os primeiros, de possuírem independência, de poderem mandar, de serem considerados fortes e opulentes se esquecendo das simples palavras de Jesus: “Assim os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos”. Como então essas pessoas almejam a liderança, se não conseguem ser lideradas?

A bem da verdade, a bíblia vai nos revelar que esses comportamentos são tidos como rebeldia contra o próprio Criador, pois essa classe de pessoas optaram em guiar suas vidas por contra própria (Nm. 20.24; 27.14; Dt. 1.26,43; Js. 1.18; I Sm. 12.14; Jó 24.13; Sl. 105.28; 107.11; Lm. 1.18). Em Jó 24.13 esse mesmo termo é apresentado, simbolicamente, para descrever a rebeldia das pessoas contra a luz. Em números 17.10 observamos uma rebelião contra Moisés, partindo dos filhos de Corá e consequentemente, contra Deus. O Senhor incrimina a essas pessoas e as qualifica no pecado da rebelião, pois se levantam contra seus líderes, contra o anjo da igreja, contra o ministério, contra a luz, e automaticamente estão se levantando contra o próprio Deus. Infelizmente, são pessoas que estão à margem do conhecimento bíblico, pois não conseguem enxergar que o princípio de todas essas rebeliões se encontra em Satanás, o inimigo da igreja de Cristo, àquele mesmo que quis crescer, quis ser maior do que Deus, quis ser líder, quis ser grande e rebelando-se, opôs-se ao próprio Deus, e criador seu. (Ez. 28.24; Is. 14.12-14).

Amados, é necessário haver diferença entre os verdadeiros adoradores, especificamente entre os verdadeiros obreiros. O profeta Malaquias adverte “Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus e o que não o serve”. O obreiro sincero tem uma conduta digna e respeitável e aguarda o tempo de Deus. Este obreiro conhece as palavras inspiradas do sábio Salomão “TUDO tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu”. Se for propósito de Deus que determinadas pessoas sejam líderes, elas serão, é só questão de tempo, basta tão somente renderem suas próprias vontades à vontade boa, perfeita e agradável de Deus. É necessário que elas se voltem para Aquele que amou toda uma humanidade a tal ponto, de dar Seu Unigênito Filho em sacrifício vivo. É necessário que se humilhem aos pés de Cristo, para poderem encontrar a verdadeira paz que suas almas tanto almejam.

Acontecendo assim, a base desses líderes passa a ser Deus. Seus comportamentos estão baseados e fundamentados na palavra de Deus. Seus propósitos são os mesmos de Deus. As suas glórias é verem Deus sendo exaltado e glorificado através de suas vidas e testemunhos, e assim sendo, suas realizações, seus feitos e a manifestação plena do fruto do Espírito Santo serão multiplicados na vida dos seus liderados, levando-os à satisfação plena que somente pode ser encontrada em Cristo.

Se quisermos êxito como liderança na casa do Senhor, necessitamos da confirmação de Deus (lembremo-nos de Gideão), da formação do verdadeiro caráter divino, de fidelidade, de identidade de líder submisso aos seus superiores, de história ministerial bem sucedida, de relacionamentos sadios e da unção de Deus para o ministério. Que possamos nos unir ao Senhor para nos tornarmos um só espírito com Ele, como nos ensina o apóstolo Paulo, pois quem tem Jesus e sua palavra fincada no coração não realiza esses comportamentos, pois todas essas características marcantes estão destruídas, pelo simples fato de sermos novas criaturas, separados do mundo, possuidores da mente de Cristo e obreiros que esperam que se cumpra, em suas vidas, o tempo, vontade e a determinação de Deus.

Vamos deixar o próprio Deus fazer a escolha de seus líderes, afinal de contas, Ele escolherá apenas uns e outros, mas não todos!

Porque dEle, e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; glória, pois a Ele eternamente. Amém.

No amor do Pai, Jesus!

Erivelto Júnior

Comentários

  1. Ana Carolina de São José dos Pinhais2 de fevereiro de 2017 às 06:13

    Excelente estudo
    Deus o abençoe

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