JESUS, O INIGUALÁVEL

Ao contrário dos muitos que assim pensam, Jesus não via na humanidade um projeto falido e decadente. Muito embora fossem visíveis as atrocidades, as guerras, os assassinatos, a violência, o desamor e a contradição humana em relação ao próprio homem e, sobretudo em relação a Deus, Jesus se entregou de corpo e alma nesse projeto, tendo como ferramenta primordial o amor. Jesus sabia que não seria com um compêndio de regras e práticas que Ele atingiria o mais profundo do ser humano, pois estas normas talvez, em seu máximo, poderia produzir uma paz passageira e transitória. Jesus não queria simplesmente atingir a alma humana, Jesus queria transformá-la.

Jesus não se apresentou ao mundo com toda a pompa de um grande rei, sublime, majestoso, arrogante e intocável, não, Jesus se apresentou como um humilde carpinteiro de Nazaré, aquele que mudaria de uma vez por todas a história da humanidade, aquele que era tão grande, a ponto de se tornar tão pequeno para transformar grandes os pequenos. Aquele que detinha todo o poder e, no entanto, trajou-se de toda doçura e mansidão, Jesus, o inigualável.

Jesus é inigualável simplesmente porque confiou no ser humano em detrimento a todas as suas falhas, imperfeições e inópias. Honrou pessoas sem honra e as respeitou. Amou os que não o amaram e se entregou a quem não merecia. Estabeleceu vínculos com pessoas discriminadas. Jesus tinha uma especial consideração aos incertos e problemáticos e quanto mais trabalho tinha com essas pessoas, mais Ele se doava e não desistia de maneira alguma delas. As pessoas podiam até mesmo cuspir em seu rosto, esbofeteá-lo, negá-lo e até traí-lo, mas ele não cansava ou abdicava delas.

Quem em sã consciência começaria um empreendimento com pessoas desqualificadas, rudes, agressivas, complicadas? Jesus fez isso. Escolheu Pedro, um homem bruto, ignorante, analfabeto, agressivo e impulsivo. Escolheu João, ambicioso e irritado. Escolheu Judas Iscariotes, falso e traiçoeiro. Escolheu Tomé, incrédulo. Escolheu Paulo de Tarso, radical, arrogante, o mais violento dos homens e depositário de verdades absolutas, dentre outros mais.

Jesus, o inigualável, amava e respeitava a vida integralmente. O que mais me deixa fascinado por Jesus é que Ele nunca pedia conta dos erros de uma pessoa. Nunca li na Bíblia Jesus perguntando com quantos homens a prostituta havia dormido ou quanto de dinheiro alguém roubou de outrem. Ao contrário de muitos de sua época, Jesus mostrava uma ternura incomum para com aqueles que tinham um histórico de pecados sexuais, basta estudarmos seu comportamento em relação à mulher samaritana no poço, ou com aquela de má reputação que lavou seus pés com seus cabelos, ou com a mulher flagrada em adultério.

Declarando certa feita, Jesus disse que tinha vindo para os doentes. Foi esta, dentre muitas outras qualidades peculiares do Inigualável, que fez com que os leprosos, as viúvas, os rejeitados, os mancos, os aleijados, os deprimidos, os discriminados, os doentes, os pecadores o procurassem na certeza de que encontraria sua amizade e um aconchego divino. Tudo isso porque, para Jesus os olhos tristes de um leproso eram mais importantes do que o mundo aos seus pés. A compaixão por uma prostituta arrebentava-lhe o coração mais do que uma reunião de uma cúpula querendo aclamá-lo rei. Jesus promove em nós a capacidade de entendermos que cada ser humano é um ser precioso e não um objeto sem valor e, apesar de não concordar, em absoluto, com as práticas pecaminosas dos homens, Jesus os amava. John Donne disse certa vez que em Jesus temos um grande Médico que “conhece nossas enfermidades naturais, pois ele as teve, e sabe o peso de nossos pecados, pois ele pagou um alto preço por eles”.

Todas as atitudes que Jesus tomava eram suficientes para quebrar qualquer paradigma ou conceitos existentes. Enquanto discursava sobre a eternidade, sendo superior a tudo e a todos, paradoxalmente, se curvava aos pés das pessoas mais simples. Quem não se lembra do episódio de Jesus prostrando-se para lavar os pés de seus discípulos. Por ser grande, Jesus poderia não chorar na frente das pessoas, no entanto, Ele não tinha vergonha de seus sentimentos expondo-os em público. Chorou quando sentiu necessidade e, abriu seu coração horas antes de ser preso para três apóstolos seus “Minha alma está triste até a morte”. Augusto Cury nos faz lembrar que “Ele preferia a inteligência à força, a sabedoria ao poder. Quem era Ele?” e continua “os inimigos não sabiam a quem perseguiam, e os amigos não sabiam a quem seguiam. Só sabiam que era impossível ficar indiferente a ele”. Jesus tinha capacidade de promover nas pessoas uma mudança radical, os insensíveis se apaixonavam pela vida, os agressivos acalmavam a turbulência da emoção e os iletrados se tornavam engenheiros de pensamentos e ideias. Não há como negar, Jesus encantava multidões com seu falar e seu agir, estancava lágrimas promovidas pela dor, trazia esperança e conforto no meio do caos e suscitava alegria e júbilo na amargura. E, uma de suas várias promessas era força na fraqueza, refrigério nos fracassos, coragem nos momentos de desespero. Raramente alguém acreditou tanto no ser humano. O Inigualável alertou a todos que os fortes dão a outra face, e os fracos reagem; os fortes compreendem, os fracos julgam; os fortes amam, os fracos condenam. Os fracos controlam, os fortes liberam. Ninguém podia decepcioná-lo, pois àquele que o negou Ele o acolheu e, até mesmo, àquele que o traiu, Ele chamou de amigo.

Aos discípulos Jesus disse que a única coisa que os fariam serem reconhecidos como seus discípulos seria o amor pelos outros. A marca de Jesus na vida deles não seria dada pelo sucesso, pelo empreendedorismo, pelas conquistas, pela eloquência, pelo saber, mas, e, simplesmente, pelo amor, sem o qual nada lhes adiantaria. Paulo retrucou: “O amor tudo sofre, é bom, não tem inveja, não se ensoberbece não trata com leviandade, o amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”.

Concluo estas palavras com as seguintes perguntas: Onde está o amor nos dias de hoje? Onde está a poesia de amor declarada por Paulo, em destaque, que é capaz de aliviar os abatidos pela depressão e pela ansiedade? Onde estão os beijos de amor anunciados por Pedro que aliviam os frustrados e os desesperados? Onde está a saudação calorosa de João, que exalta todos, nome por nome, como amigos e é capaz de fazer com que os aflitos se sintam amados e queridos? Seguir, desejar, falar de Jesus Cristo sem amor é falar de casamento sem noivos, é falar de felicidade sem alegria, é falar de vitória sem conquista, é falar de banquete sem comida. Nós precisamos nos apaixonar pela nossa própria espécie a exemplo de Jesus. Temos que amar primeiro para vermos resultados espontâneos. Exigimos muito porque amamos pouco. Quem nós somos? Responde brilhantemente Cury: “Senão fagulhas vivas que cintilam durante poucos anos de existência no teatro da vida e depois se apagam tão misteriosamente quanto se acenderam. Hoje estamos aqui, amanhã seremos uma página na história. Um dia todos nós tombaremos na solidão de um túmulo, e ali não haverá aplausos, dinheiro, bens materiais. Estaremos sós”.

Que possamos ser a cada dia, pessoas melhores. Mais dóceis. Mais amáveis. Mais cristãs e que as palavras, os gestos, as atitudes, o comportamento de Cristo estejam enraizados em todos nós ao ponto de estarmos mais unidos, um com o outro, e todos em Cristo através do amor fraternal. Jesus, o inigualável está olhando para nós e esperando muito mais. Amemos e seremos mui amados. “Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor”.

Porque dEle, e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; glória, pois a Ele eternamente. Amém.

No amor do Pai, Jesus!

Erivelto Júnior

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