INVEJA, O CÂNCER MORTAL

Segundo o dicionário pt.wikipedia.org (online) inveja significa “desejo de possuir algo que outra pessoa possui ou de usufruir de uma situação semelhante à de outrem; cobiça”.

Inveja é um estado afetivo que tem por antecedente imediato uma representação mental de aversão ao que o seu próximo tem e que a própria pessoa, depositária desse sentimento, não tem. É o efeito de desejar rigorosamente o que a outra pessoa possui ou é, seus atributos ou suas qualidades, haja vista o invejoso, que deseja tais virtudes, ser absolutamente incapaz de alcançá-las, seja pela sua incompetência e limitação física, seja pela intelectual.

É um sentimento formatado pelo egocentrismo e pela soberba de ambicionar ser maior e melhor que todos. É o desejo exacerbado por status, habilidades e tudo que outra pessoa tem e consegue. Uma pessoa invejosa ignora tudo que é e possui, para cobiçar o que é do próximo. A inveja, eu diria, é a arma dos incompetentes.

O apóstolo Paulo escrevendo aos Gálatas adverte “Porque o que a nossa natureza humana quer é contra o que o Espírito quer, e o que o Espírito quer é contra o que a natureza humana quer. Os dois são inimigos, e por isso vocês não podem fazer o que vocês querem” (Gl 5:17). Apesar de sermos servos do Senhor Jesus, lavados e redimidos pelo Seu sangue, somos humanos e, desta forma, sujeitos às inclinações da natureza humana, já que esta teima em lutar contra as ações definidas pelo Espírito, formando o eterno cenário do combate entre a carnalidade e a espiritualidade.

Paulo nos exorta a termos cuidado com essa constante luta, pois quando a manifestação da carne prevalece, a comunhão com Deus arrefece, se tornando fria e desanimadora. É neste instante, quando a carne está por cima, que ela produz frutos péssimos, e dentre esses tais, encontra-se visivelmente a inveja, com resultados os mais avassaladores, podendo atingir toda a igreja, escandalizando e manchando a obra do Senhor.

Como fruto da natureza carnal, a inveja cria irreparáveis lesões na vida espiritual, a ponto de lançar os que a hospeda e a alimenta no lago que arde com fogo e enxofre, pois está escrito em (Gl 5:21) “Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus”.

Quando temos sensibilidade ao Espírito Santo percebemos de início a manifestação do pecado e, desta forma, temos a integral responsabilidade de não deixarmos que o mesmo floresça em nossas vidas, pois fomos chamados para vivermos em santidade e, esta condição, não nos dá a discricionariedade para aceitarmos a fecundação de qualquer tipo de prática ou sentimento pecaminoso.

Como fruto da carne, a inveja é abominação diante do Senhor e geralmente tem sua origem quando as pretensões do hospedeiro (invejoso) são frustradas, ou quando seu melhor amigo, vizinho, parente está prosperando e sendo abençoado por Deus. É interessante ressaltar que muitas vezes a bênção do vizinho é bem menor do que a bênção do invejoso, mas este, por ser uma pessoa dominada pela inveja, não consegue enxergar sua bênção e peca diabolicamente contra Deus, colérico pela bênção que seu vizinho alcançou.

A respeito deste povo nos alerta o apóstolo Paulo “É soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas, contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho” destes, o apóstolo deixa um conselho: “aparta-te dos tais”. (1 Tm 6:4-5).

O invejoso faz parte de uma raça maligna e, como tal, sempre está camuflado, embutido, encaixotado, forjado e, somente se manifesta, sendo então desmascarado, quando alguém é bem sucedido, quando pratica boas ações, quando tem bons relacionamentos, quando possui uma família abençoada e é feliz, quando é reconhecido, quando é amado, tanto profissionalmente como pessoalmente. Foi justamente o que o sábio Salomão retrucou “Então, vi que todo trabalho e toda destreza em obras provêm da inveja do homem contra o seu próximo.” (Ec 4:4).
        O invejoso se rebela contra quem lhe engrandeceu e lhe criou. Trata-se de alguém carregado de iniquidade. São agentes malfeitores, corruptores, que voltam para trás, possuem a cabeça enferma e todo o coração fraco. Pessoas que desde a planta do pé até a cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, e inchaços, e chagas podres não espremidas, nem ligadas, nem amolecidas com óleo. São pessoas que se reúnem solenemente para tramar contra aqueles que só lhes fizeram o bem. Para esta raça o próprio DEUS diz: “não posso suportar iniqüidade, nem mesmo a reunião solene. As vossas luas novas, e as vossas solenidades, a minha alma as odeia; já me são pesadas; já estou cansado. Por isso, quando estendeis as vossas mãos, escondo de vós os meus olhos; e ainda que multipliqueis as vossas orações, não as ouvirei, porque as vossas mãos estão cheias de sangue. Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer mal. Aprendei a fazer bem; procurai o que é justo; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas. Se quiserdes, e obedecerdes, comereis o bem desta terra. Mas se recusardes, e fordes rebeldes, sereis devorados à espada; porque a boca do SENHOR o disse. E voltarei contra ti a minha mão, destruirei os transgressores e os pecadores. Os que deixarem o SENHOR serão consumidos. Porque vos envergonhareis pelos carvalhos que cobiçastes, e sereis confundidos pelos jardins que escolhestes. Porque sereis como o carvalho, ao qual caem as folhas, e como o jardim que não tem água. E o forte se tornará em estopa, e a sua obra em faísca; e ambos arderão juntamente, e não haverá quem os apague” (Isaías).

É desprezível a situação de uma pessoa dominada pela inveja, que não consegue se libertar, não consegue ter paz de espírito, está em degeneração, está em estado de putrefação, está cancerosa, vil, que se autodestrói, como está escrito em (Pv 14:30) “A paz de espírito dá saúde ao corpo, mas a inveja destrói como câncer”. É um miserável perambulando sem o Espírito de Deus e que vive produzindo resultados maléficos. É uma prova incontroversa de se viver uma vida carnal e que merece ouvir de Paulo as seguintes palavras: “Na verdade, irmãos, eu não pude falar com vocês como costumo fazer com as pessoas que têm o Espírito de Deus. Tive de falar com vocês como se vocês fossem pessoas do mundo, como se fossem crianças na fé cristã. porque vivem como se fossem pessoas deste mundo. Quando existem ciumeiras e brigas entre vocês, será que isso não prova que vocês são pessoas deste mundo e fazem o que todos fazem?” 1Co 3:1,3 

Uma vida moldada e irrepreensível na dependência de Deus. Esta deve ser a nossa busca diária. Somos seres humanos fadados ao pecado e à queda: “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia” (1 Co 10:12), foi assim que Paulo alertou a igreja de Corinto e alerta a nós todos. Devemos ser sempre constantes na obra do Senhor, nos afastando das obras da carne e buscando sempre a excelência de Deus em nossas vidas. Nossa jornada nesta terra deve ser como bem falou Salomão: “Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Pv 4.18), mas para brilharmos dia após dia é necessário seguirmos o exemplo de Ezequiel (3.3) comer a palavra diuturnamente; o exemplo de Paulo (Ef 6.18) “Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos.

Não devemos dar brechas para o diabo nem para a carne, mas se porventura nos encontrarmos em uma situação desta, não entreguemos as armas, tenhamos forças e sigamos os exemplos de Tiago (4:7-10) “Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai os corações, Senti as vossas misérias, e lamentai e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo em tristeza. Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará” e de Pedro (1 Pe 2:1-2) “Portanto, abandonem tudo o que é mau, toda mentira, fingimento, inveja e críticas injustas. Sejam como criancinhas recém-nascidas, desejando sempre o puro leite espiritual, para que, bebendo dele, vocês possam crescer e ser salvos”.

Trabalhemos em prol do reino de Deus aqui na terra e o coloquemos como nossa principal prioridade, pois quando assim fizermos nossas diferenças fúteis e egoístas já não farão sentido algum. Quando assim fizermos choraremos com os que choram, e sorriremos com os que sorriem. Quando assim fizemos não destruiremos ninguém para sermos reconhecidos pelos outros. Quando assim fizemos batalharemos mais e mais pela fé que uma vez foi entregue aos santos. Quando assim fizemos seremos chamados e congregados pelo Senhor e ouviremos “Vinde benditos de meu Pai, possui por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo”.

Este aglomerado de atitudes fará com que a inveja saia do nosso coração, nos aproximando mais de Deus, nos transformando e nos santificando mais e mais, nos capacitando a ouvir Sua tenra voz.

Que as obras do Espírito passam frutificar em nossas vidas, sendo nossas prioridades, produzindo em nós frutos saudáveis e dignos, bem como divinas ações de vida, nos assemelhando ao Deus de Glória e Paz.

Fiel é o nosso Deus e que Ele nos abençoe em nome de Jesus Cristo.

Erivelto Júnior